Fomos loucos outra vez. Uma última vez. Ouvimos música sem parar, dançamos até que os pés nos doessem, festejamos como se fossem as nossas últimas noites no planeta. E por uma vez na vida fomos nós no mais puro que há da palavra. Passamos a seres nocturnos, a falar sobre coisas do coração, da alma, a pensarmos na estrada da vida. Uma das melhores fases da minha vida, estamos tão felizes. Somos tão amigos. Pensar que o Verão se mete pelo meio, deixa-me com vontade de parar tempo. Uma coisa me consola, o que foi criado não morre, o que soltei dentro de mim vai ficar comigo. E eu não vou a lado nenhum, pelo menos num futuro próximo, e vocês também não, porque onde quer que vá, vão comigo. Nós vamos ser loucos outra vez, quando estivermos mais morenos, quando a nossa vida estiver dois meses mais próxima do fim, quando o tempo voltar a girar. Ah e a música, a música a bater-nos e nós com os nossos espasmos corporais a acompanhá-la, numa tentativa falhada de fazer valer a nossa felicidade. Porque chegamos a um ponto em que nenhum sorriso é mais capaz de revelar o que sentimos por dentro, é a euforia com o entusiasmo, é a felicidade misturada com café e noites vividas, bem vividas. E depois vens tu assombrar-me a mente, com toda a tua amargura por não me quereres da mesma forma que te quero, por achares que se calhar não vale mesmo a pena. E venho eu dizendo a mesma coisa, e apesar de nos apaixonarmos todos os dias um pelo outro, nenhum dá o braço a torcer. Mas essa é a minha loucura, das minhas maiores loucuras, amar-te e tu não me amares. Lá fui eu ser louca outra vez. Mas sinto-me forte, desejar que não tivéssemos ido juntos fez-me a bravura. Ah vamos ser loucos outra vez!