quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fomos loucos outra vez

Fomos loucos outra vez. Uma última vez. Ouvimos música sem parar, dançamos até que os pés nos doessem, festejamos como se fossem as nossas últimas noites no planeta. E por uma vez na vida fomos nós no mais puro que há da palavra. Passamos a seres nocturnos, a falar sobre coisas do coração, da alma, a pensarmos na estrada da vida. Uma das melhores fases da minha vida, estamos tão felizes. Somos tão amigos. Pensar que o Verão se mete pelo meio, deixa-me com vontade de parar tempo. Uma coisa me consola, o que foi criado não morre, o que soltei dentro de mim vai ficar comigo. E eu não vou a lado nenhum, pelo menos num futuro próximo, e vocês também não, porque onde quer que vá, vão comigo. Nós vamos ser loucos outra vez, quando estivermos mais morenos, quando a nossa vida estiver dois meses mais próxima do fim, quando o tempo voltar a girar. Ah e a música, a música a bater-nos e nós com os nossos espasmos corporais a acompanhá-la, numa tentativa falhada de fazer valer a nossa felicidade. Porque chegamos a um ponto em que nenhum sorriso é mais capaz de revelar o que sentimos por dentro, é a euforia com o entusiasmo, é a felicidade misturada com café e noites vividas, bem vividas. E depois vens tu assombrar-me a mente, com toda a tua amargura por não me quereres da mesma forma que te quero, por achares que se calhar não vale mesmo a pena. E venho eu dizendo a mesma coisa, e apesar de nos apaixonarmos todos os dias um pelo outro, nenhum dá o braço a torcer. Mas essa é a minha loucura, das minhas maiores loucuras, amar-te e tu não me amares. Lá fui eu ser louca outra vez. Mas sinto-me forte, desejar que não tivéssemos ido juntos fez-me a bravura. Ah vamos ser loucos outra vez!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Uma coisa inacabada

A vida é muito disto. Amigos, festa, desilusões, nostalgia, mais festa. Hoje fui remexer num assunto do passado, não devia tê-lo feito, mas fui e tirei as minhas provas. Não correu bem, está encerrado. Para ser franca, para mim podíamos continuar no jogo do gato e do rato para sempre, ia sempre haver o clique que nos ligava sempre que ele vinha ao meu pé com as suas frases feitas. E eu derretia-me com aquele jeito de rebelde, sempre de cigarro na mão. Eu sei porque não resultou, porque ele sabe que eu sou uma pessoa para manter, e nem eu nem ele estamos dispostos a fazer esse esforço, porque ao fim ao cabo o relâmpago da situação é que nos ia juntar e não o contrário. Valeu a pena ver se valia a pena. 
E depois temos a nostalgia dos terríveis dias de chuva que me fez subitamente deprimir ao ir buscar as minhas blusas de lã. Lá estavam vocês todos outra vez a olharem, a julgarem. Lá estavam todas as desilusões, todos os romances, todos os erros. 
Mas cheguei a casa e cá estavam eles a abrirem os braços, a quem não tinha tido um bom dia, com a música do costume. Com a festa do costume, com o amor do costume, a serem quem são, a darem o amor que têm para dar. E lá fomos nós para a sala de estudo, que se torna sempre que necessário na sala de convívio, desta vez não foi excepção e desabafei contigo e com um cigarro à volta de um copo de iogurte. Ah quando isto acabar, como vou ter saudades. Mas nada acaba realmente, tudo se renova, o fim é sempre um início. 

terça-feira, 7 de maio de 2013

Complicação

Não consigo escrever, já não sei fazê-lo, já não consigo. Está na hora de parar, parar em silêncio naqueles sítios que tão bem conheço, sem nenhum apego deste mundo louco, só eu e o silêncio. É a minha desintoxicação, o caminho para a minha capacidade apaixonada e criativa voltar. Quer dizer, a paixão continua cá, estou apaixonada pela vida, por pessoas, por sítios, por experiências, mas não consigo escrever mais. O que é que se passa? Preciso de ti ao pé de mim, tu davas-me aquele pedacinho de amor que me fazia querer gritar ao mundo, que me dava ímpeto para fazer tudo, até pintar... Eu sei que a inspiração vai voltar, só preciso de fazer coisas diferentes. Eu gosto desta vida de festa, sempre gostei, mas sabe bem um fim de tarde pensativo, sabe bem uma ida ao museu e ouvir música, só ouvir, apreciar sem dançar. Amanhã era uma boa oportunidade para isso, mas o mundo está contra mim, e não vou poder fazer nada do que tinha planeado. Mas só para vos manter ao corrente, tenho andado numa onda muito psicadélica, muito naturalista e sempre com o motion picture da road trip na cabeça. Cabelos a esvoaçar, montes de colares, música no rádio e um sol abrasador lá fora: um run away. E o que eu queria, o que eu queria era encontrar a pessoa que se apaixonasse incondicionalmente pela minha alma, a quem eu quereria ler os pensamentos, a quem não fizesse diferença a complexidade de uma mente magoada e sedenta de vida. Ah e o vento na minha cara, as flores no meu cabelo comprido, por sinal. Cenário idílico tão bom de idealizar, vidas de pessoas que ainda não viveram. Vá lá, eu estou à espera do meu final feliz.