Quem me dera. Quem me dera ser de novo aquela criança inocente que só sentia. Sentia simplesmente sem a impossibilidade que é o pensamento. É pensando que nos privamos das melhores coisas. Quanta beldade teria o mundo se pura e simplesmente sentíssemos sem restrições, se conseguíssemos ver a beleza. Estamos demasiado condicionados por banalidades. Eu digo aqui e agora que chegou a hora! Chegou a hora de libertar as amarras e seguirmos o nosso caminho. Atingi a paz, mas falta-me a paz interior. Falta-me fazer as pazes com o meu interior e definir prioridades, por mais ridículas que sejam. Não seguirei por caminhos que não são os meus. O meu caminho é aquele que, por mais sinuoso que pareça, lá ao fundo vai estar o pote de ouro. Não ouro de riqueza material, mas ouro de riqueza espiritual, de quietude. Está a faltar isso. Está irremediavelmente a faltar isso. Mas, como que num sinal de esperança, lá vem a força que me impele. Um retiro, uma reflexão e um livro de Kafka, é isso que é necessário.