sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Porque não faz mal

Ontem fiz tudo. É depois de dias daqueles que eu penso que já vivi, que afinal sempre fiz alguma coisa com a minha vida.
A Catarina voltou, aquela pessoa completamente especial que conhece toda a gente, que faz tudo por toda a gente. Ela vem para nos relembrar que estamos a viver mal, que não é assim. Que tudo o que valorizamos e pelo qual choramos, não faz absolutamente sentido algum. Que não faz mal darmos todos os nossos desenhos, todas as nossas roupas, todos os nossos pertences e partir. Como ela dizia era a feira da ladra em que não era preciso pagar. Ela vem para nos dizer para escrever cartas para o mundo, cartas para um estranho para lhes relembrar que o mundo não é tão mau assim. Ela faz de carteira, entrega as cartas a quem lhe aparece à frente e pede que escrevam uma de volta para o mundo, com muito amor. E lá tive direito à minha carta do mundo, com uma história alucinante e mágica lá dentro, de pessoas que escreveram para alguém, nunca sonhando que iria parar às minhas mãos. Ela veio para nos relembrar que não faz mal partir. E ela vai. Dia 31 vai embora uma das pessoas mais extraordinárias que alguma vez tive a oportunidade de conhecer. Ela vai com todos nós com ela. Com ela, também vai um pedacinho meu. Ela veio para nos lembrar que é a pintar que somos felizes, que todos somos artistas. E, como de todas as vezes, pintámos. E como de todas as vezes, ela vinha com mil projectos em mão que não lembram a ninguém, e no entanto parecem fazer tanto sentido. O mais importante desta derradeira altura era a edição do livro, o qual um bocadinho fui eu que fiz. As Indefinições são da minha autoria para o mundo (afinal sempre tenho uma pontinha de artista em mim). Foi o meu pequeno contributo para um sonho de alguém. Isso faz-me pensar que já concretizei parte do meu sonho: ajudar os outros com os seus sonhos.
Ela vai partir, no final da próxima semana, mas onde ela passa deixa um rasto de luz, que mais ninguém consegue, e sem dúvida, que torna qualquer de nós mais feliz. Se não te tivesse conhecido não seria capaz de ver as coisas de uma perspectiva que partilhaste connosco todos os dias. Todos os dias em que vivi contigo e todos os dias em que não viveste, e todos os dias em que não vais viver. Tu és uma luz que mais ninguém consegue ser. Se o mundo tivesse pessoas tão especiais quanto ela seria um sítio, seguramente, melhor.
E quem não conheceu a Catarina nunca vai saber o que é a pureza de um ser.