Hoje não é um dia particularmente feliz. Depois de ter ido ao aeroporto abateu-se sobre mim uma necessidade enorme de partir, e ao mesmo tempo, de ficar. Preciso de sair daqui, é uma necessidade. Preciso de fazer algo novo, preciso de viver. Lisboa vai sempre fascinar-me, mas a minha alma inquieta não me deixa estar no mesmo sítio durante muito tempo, com as mesmas pessoas. Estou farta da rotina e das linhas rectas. Chegou a hora de mudar, chegou a hora de tomar coragem e partir sem destino. O que preciso, o que preciso realmente, é daqueles 20 segundos de coragem, fazer e não olhar mais para trás. Confiar na decisão, mudar se não estás bem. Chegou a maldita hora. Eu vou fazê-lo. Só preciso da maldita coragem. Porque partir é uma questão de coragem. Mas o que dói mais, o que dói realmente é ver os amigos a partirem, uns atrás dos outros. O que dói é passar o Natal sem os irmãos. A quantidade de pessoas que vou perder para o mundo, até Junho, é maior do que a minha mão consegue contar. É cruel vê.las partir, é cruel ter de deixar a vida para trás. É cruel eu não partir.