quinta-feira, 29 de novembro de 2012

As Memórias

Vou sempre recordar aqueles Verões malucos em que fazíamos tudo sem pensar em nada. Vou sempre recordar as cantorias no carro e o escaldão nas costas. Vou sempre recordar as tardes na piscina, os passeios de bicicleta e os finais de tarde abrasadores. As nossas listas infinitas de sonhos e a nossa iniciação na escalada. O nosso acampamento e Olhão. As saídas à noite. Os bailaricos. Os nossos beijinhos depois da saudade. Vou sempre recordar-te. As tardes de ratinhos de biblioteca e as nossas conversas intermináveis. Tudo o que fazíamos às escondida. As passagens de ano e todas as bebidas que bebemos. Todas as pessoas novas que conhecemos. Os dias de greve, as torradas e o sumo de laranja. Fomos ladrões de romãs. A bóia e as parvoíces de uma tarde de praia. A praia no Inverno. O sossego da noite quente. O Halloween. A Holanda. Fomos exploradores da vida, dos livros, do conhecimento. Armação de Pêra às 7 da manhã. O nosso amor de inocência. As pousadas da juventude e as fotografias sem sentido. O Mitto's e o Tropic. Fomos modelos de passerelle, artistas de circo, actores de teatro. Fomos isso e tanto mais... Fomos felizes sem saber que o éramos. A vida começou muito antes de Lisboa, antes éramos nós, na mais verdadeira acepção da palavra. Nós puros, cheios de juventude e amor. Fomos nós até à pouco tempo. Depois descobrimos que o mundo está podre, que não há lugar para os sonhadores. Fomos atirados para a vida e não nos disseram o quão difícil era. Agora não nos vemos, não nos falamos, não nos tocamos. Tudo passou. Estamos felizes?