Cada encontro da nossa vida marca-nos de uma forma mais ou
menos especial. Confesso que as expectativas eram baixas em relação a este
acampamento, que não era meu. Talvez por isso, tenha sido tão fácil retirar
isto como uma experiência altamente positiva. E que ajudou a construir, não só
os viajantes, mas também os anfitriões. Já os conhecia, amigos meus de Lisboa.
Mas partilhar com eles a minha família, as minhas raízes, a minha vida e
personalidade no seu estado mais puro, marcou-me profundamente. O espírito da
viagem e a mentalidade aberta contagiaram-me também. Fiquei com vontade de ser
eu a fazer aquilo. Andar à boleia sem destino. Não que eu não tivesse já este
desejo intenso da viagem, esse tenho-o eu há muito tempo. Talvez por essa
razão, a razão de querer algo mais, algo diferente, tenha feito de mim também
uma pessoa diferente do esperado. Um dia…um dia vou ser eu! Até lá, resta-me
acreditar que já marquei de forma positiva a viagem de alguém, pois para mim o
karma resulta das boas acções que fazemos serem retribuídas igualmente com boas
acções, podendo acontecer o mesmo com as más acções. Mas é exactamente como o
Gonçalo Cadilhe diz, primeiro a viagem tem de começar dentro de nós. E o
bichinho da liberdade de espírito aguçou-se ainda mais. Afinal a contracultura
ainda existe. Não a contracultura que todos vêem, aquela que é mais um padrão
porque, hoje em dia, ser fixe é ser alternativo. Estou a falar da contracultura
que ninguém vê, aquela que acontece dentro das mentes iluminadas de um número
reduzido de jovens por esse mundo fora. Foi a essa contracultura que assisti
nesta viagem.